ALGARVE FARENSE 1910 SAD

Os South Side Boys, a claque de apoio ao Sporting Clube Farense, apresentaram, sábado (22 de Maio), um projecto para que o futebol sénior possa voltar já na próxima época. A ideia passa pela transformação do Algarve United, SAD em Algarve Farense 1910, SAD.

A intenção passa, antes de mais, por candidatar uma lista – composta por membros da claque, a qual conta com cerca de uma centena de associados – às eleições para os corpos sociais do clube algarvio (que ainda não estão agendadas, embora devam ter lugar até meados de Julho). Em caso de vitória, o “Projecto Centenário” poderá avançar, tendo como “motor” o futebol sénior.

Este projecto tem como base o apresentado há dois anos, também em período de eleições (a claque chegou a apresentar uma lista mas desistiu a favor do elenco liderado por Gomes Ferreira), mas com “algumas alterações”, de forma “a recuperar a imagem e o funcionamento” do Farense.

Agora, os South Side Boys propõem mais – sem hipóteses de inscrever a Farense Futebol SAD ou até o Sporting Clube Farense (os impedimentos de ordem financeira são enormes, e no caso da SAD ascendem a 500 mil euros) para a próxima época desportiva, a claque optou por… uma terceira via.

“Encetámos contactos para garantir uma equipa, não conectada ao clube nem à SAD, e chegámos a acordo com Corrado Correggi, presidente do Algarve United, equipa da I Divisão Distrital”, anunciou Rui Roque, líder da claque, na conferência de imprensa de sábado.

O acordo passa pela alteração do nome, de Algarve United para Algarve Farense 1910, pela mudança das cores do equipamento para branco e preto e também pela mudança do símbolo. “A vinda desta equipa para Faro é fundamental”, considerou.

Para Corrado Correggi, presidente da SAD fundada há dois anos, “o gigante está morto”. “Falta um clube líder a sul do País e este projecto pode colmatar essa falha, já de imediato, representando o regresso do futebol à capital da região”, disse, revelando-se entusiasmado com “as ideias e organização” da claque.

O empresário – que detém 80% do Algarve United – nada quer do clube algarvio e mostra-se mesmo disposto não só a ceder acções da SAD que comanda aos sócios do Farense como a abandonar a própria presidência da empresa.

“Com este acordo temos a possibilidade de garantir a continuidade desportiva e competitiva dos atletas em formação no Sporting Clube Farense”, sustentou Rui Roque, exemplificando com o caso dos atletas juniores que, no final desta época, vão passar a seniores.

Recuperar a mística

“Recuperamos a mística do Farense, a qual se tem vindo a perder – a ‘alma farense’ tem de regressar!”, enfatizou o adepto dos “leões” de Faro, apontando como meta imediata, em 2006/2007, a subida de divisão.

O presidente dos South Side Boys não teme a reacção dos sócios a este projecto: “Os sócios do Farense, por mais estranho que pareça, apoiam uma equipa sénior, há oito anos, que não é pertença do clube – este só tem 16% de acções na Farense Futebol SAD…”, explica Rui Roque.

“Esta é apenas uma forma de voltar a ter futebol sénior em Faro e um Farense forte. Não interessa o nome mas sim o conteúdo – e este é um casamento perfeito: o Algarve United tem dois anos de história, é uma SAD, e não tem adeptos. Nós temos milhares de adeptos e, assim, conciliamos as duas coisas”, sublinha.

Jogar no Estádio Algarve?

Se, no próximo ano, a Algarve Farense 1910, SAD avançar, a equipa terá, muito provavelmente, de jogar no Estádio Algarve. Aliás, José Apolinário, presidente da Câmara Municipal de Faro, já conhece o projecto e, segundo Corrado Correggi, achou a ideia “engraçada”.

O empresário reforçou ainda que o futuro do Algarve Farense 1910 passa por três vectores: valorizar os activos jovens que o clube forma, tentar angariar receitas com um “marketing” agressivo e construir um centro de estágio, no concelho de Faro, que seja rentável para o clube.

O projecto dos South Side Boys para o clube passa ainda pela recuperação financeira do emblema farense – que conta, actualmente, com cerca de 500 sócios pagantes, pelas contas do claque –, aproveitando o Plano Extrajudicial de Conciliação (PEC) previsto no âmbito do acordo entre o Farense e o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas.