É OFICIAL, O NOSSO FARENSE ACABOU!

A SAD do Farense anunciou esta sexta-feira a suspensão do futebol profissional, depois de ter visto gorada a última possibilidade para angariar o montante necessário para cobrir antigas dívidas, superiores a 500 mil euros, e, assim, poder inscrever a equipa sénior. Gomes Ferreira, presidente da SAD, fez o anúncio há muito esperado, entre lágrimas, fazendo o historial do processo que conduziu o clube a esta situação extrema.

«Sinto-me muito triste, é um momento de grande emoção, ter que dizer aos sócios que o futebol profissional do Farense está suspenso», começou por destacar antes de anunciar a sua demissão e a do vice-presidente Fernando Belo da SAD que também já perdera Cristóvão Norte, ficando agora entregue aos representantes da Câmara Municipal e da Ambifaro, empresa com capitais da câmara.

O clube sobreviveu até esta sexta-feira representado pela equipa de juniores na Série F da III Divisão, que fizeram um esforço notável, jogando ao sábado no respectivo escalão e ao domingo pelos seniores. «Não vou pedir aos juniores para estarem presentes no próximo jogo. Podê-lo-ia fazer se me tivessem dito que a escritura estava marcada para a semana, mas assim não tenho moral para o fazer», destacou o dirigente antes de explicar os passos que o levaram a acreditar numa solução até há poucos dias.

A solução para Gomes Ferreira passava por uma escritura a colocar os terrenos do Estádio São Luís em nome do clube, o que acontece a nível de Finanças, mas não ao nível do registo predial. A burocracia acabou por afastar investidores que estavam dispostos a tapar o buraco financeiro do clube pela troca da exploração dos terrenos, através de um parque de estacionamento subterrâneo que irisa ocupar 79 metros quadrados da bancada nascente e outros 6.750 sob o relvado do São Luís. «Ainda hoje houve pessoas que estavam interessadas, mas o Farense não tinha o património para dar garantia aos investidores. Sinto-me frustrado por não ver esta situação resolvida», contou Gomes Ferreira. O processo tinha arrancado a 6 de Setembro quando o executivo camarário permitiu a construção de um parque de estacionamento na área do plano de pormenor do estádio. O clube conseguiu reunir os documentos necessários, em sucessivas reuniões com a câmara, chegou a aprovar o projecto numa Assembleia Geral, por maioria, mas o processo foi sempre sendo adiado devido a burocracias. Quando tudo parecia bem encaminhado, a 9 de Novembro o clube recebeu um ofício da Câmara a dizer que era impossível fazer-se a escritura devido a «impedimentos legais». «O Farense estranha o pedido de documentos para se fazer a escritura que depois não pode ser feita. Ainda hoje arranjava o dinheiro necessário de investidores, mas como não temos nada para dar em garantia, isso gorou-se», lamentou Gomes Ferreira..

Além da insustentável situação do futebol, os funcionários do clube também têm cinco meses de salários em atraso, além de subsídios de férias e Natal, mas, neste caso, Gomes Ferreira faz ponto de honra em resolver a situação «o mais rápido possível».

Apesar de estar demissionário da SAD, Gomes Ferreira vai continuar a cumprir o seu mandato na direcção do clube até 2006 e até admite-se voltar a candidatar-se, com o vice-presidente Fernando Belo, às próximas eleições.

Os comentários de Hassan e Carlos Costa .